As respostas surgem dispersas quando, nos depoimentos dados pelos barões na reunião promovida no estúdio da gravadora Som Livre pela produção do filme, os músicos do grupo revelam motivações e razões para afinidades, estranhamentos, aproximações, rupturas e deserções comuns em qualquer banda de vida longa. É quando o baixista Dé Palmeira, por exemplo, conta que saiu brigado da banda antes da gravação do álbum Na calada da noite (1990) porque se viu sem espaço como compositor no repertório que então priorizava as parcerias de Frejat com o baterista Guto Goffi, membro fundador do Barão e, a partir da turnê prevista para este ano, o único músico presente em todas as formações da banda.
Para quem desconhece a trajetória do Barão, o documentário cumpre a função de narrar, em ordem cronológica, os principais fatos, discos e shows do grupo de pegada stoniana. Como, por exemplo, a ascensão do grupo ao mainstream já no terceiro ano de vida com a explosão de Bete Balanço (Cazuza e Frejat, 1984) e o sucesso da turnê nacional com o show inspirado no terceiro álbum do grupo, Maior abandonado (1984). O filme nada acrescenta a tudo o que já se sabe sobre a intempestiva saída de Cazuza em 1985, mas a análise dos álbuns revela fatos já esquecidos como a má receptividade por público e crítica de Carne crua (1994), o álbuns mais roqueiro da discografia do Barão, admirado somente pelos viciados em rock.
Entre altos e baixos, e entre idas e vindas do tecladista Maurício Barros, os músicos da banda se expõem com aparente sinceridade diante das câmeras dirigidas por Mini Kerti. Se a turnê com Suricato se revelar um passo em falso nessa trajetória digna, o supra-sumo da história do Barão Vermelho já está perpetuada neste documentário que seduzirá quem viu nascer e crescer a geração 1980 do pop rock brasileiro. Sim, o Barão Vermelho foi assim até 2016.
Fonte e imagem: G1