Sigilo do inquérito é retirado pelo STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do inquérito da Polícia Federal que apura a tentativa de golpe de Estado planejada para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Com essa decisão, o relatório completo da investigação, que aponta o envolvimento direto do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas, está agora acessível ao público.
O documento, com mais de 800 páginas, foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que será responsável por decidir se os investigados serão formalmente denunciados. As revelações do inquérito expõem uma rede de ações coordenadas que incluíram planos para assassinatos e uma intervenção militar.
Detalhes do plano revelados pela PF
Entre os principais pontos do relatório, destacam-se as evidências de um plano denominado "Punhal Verde e Amarelo”. Segundo a investigação, este esquema incluía o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Documentos apreendidos, comunicações interceptadas e depoimentos indicam que Bolsonaro tinha pleno conhecimento das articulações e que sua execução só não ocorreu devido à recusa de partes do alto comando militar em apoiar a trama.
Outros elementos mostram que houve reuniões entre Bolsonaro e lideranças militares para avaliar a possibilidade de uma intervenção armada. Apesar do apoio inicial de algumas figuras-chave, o comandante do Exército teria recusado participar, inviabilizando o plano.
Provas incluem documentos e mensagens interceptadas
O inquérito detalha que documentos apreendidos pela Polícia Federal incluíam minutas de decretos que planejavam instaurar um estado de defesa e justificar uma intervenção militar. Áudios e mensagens também mostram aliados de Bolsonaro discutindo prazos e estratégias para implementar o golpe, incluindo a prisão de opositores políticos e membros do Supremo Tribunal Federal.
Em uma das mensagens interceptadas, um aliado próximo ao ex-presidente instrui um general a agir rapidamente, destacando a urgência de uma declaração militar que garantisse a manutenção de Bolsonaro no poder.
Próximos passos da investigação
Com a retirada do sigilo, a PGR agora avalia os próximos passos no caso, podendo apresentar denúncias ou solicitar novas diligências. Especialistas acreditam que os desdobramentos formais do processo deverão ocorrer apenas em 2025, devido ao recesso do STF, que começa em 19 de dezembro.
O caso é considerado um marco histórico na democracia brasileira, envolvendo acusações graves que podem levar à perda de direitos políticos e à prisão de figuras centrais do governo anterior. A abertura do inquérito ao público reforça a necessidade de acompanhamento pela sociedade, enquanto o país enfrenta as consequências de uma trama que colocou em risco suas instituições democráticas.
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