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Quinta da Opinião: Eutanásia

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Morreu por eutanásia na Suíça, no dia 23 de outubro de 2024, o poeta carioca Antônio Cicero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), letrista, filósofo e irmão da cantora Marina Lima. Cicero, que enfrentava o diagnóstico de Alzheimer, optou pelo suicídio assistido, prática permitida em poucos países, como a Suíça. Antes de partir, o poeta deixou uma carta de despedida aos amigos, relatando a insustentabilidade de sua condição e a perda gradual de habilidades que sempre foram o centro de sua vida, como a leitura e a escrita. No tocante à religião, declarou-se ateu, convicto de que a decisão sobre o valor da própria vida caberia somente a ele.

A carta de despedida é marcante por sua sinceridade. Nela, Cicero expressa o peso emocional que a perda de memória e das capacidades intelectuais causou, o que tornou sua vida insuportável. Ele destacou que, apesar da doença, ainda mantinha lucidez suficiente para avaliar a própria situação. Confidenciou aos amigos que, devido à vergonha e ao desconforto em rever pessoas queridas nas condições em que estava, optou por dar um fim à sua vida de maneira digna, como sempre procurou viver.

No caso da eutanásia na Suíça, o procedimento envolve a prescrição de uma substância letal por um profissional de saúde, mas é o paciente quem precisa administrá-la a si mesmo, caracterizando assim o suicídio assistido. O custo financeiro desse procedimento é elevado, em torno de dez mil euros, mas o que mais chama a atenção é a decisão de pôr fim à própria vida. Para Cicero, que sempre valorizou a dignidade, a morte assistida foi uma forma de evitar o sofrimento progressivo e irreversível causado pelo Alzheimer.

Esse ato desperta opiniões divididas. Para algumas pessoas, a decisão de Cicero reflete coragem por encarar a morte de frente e evitar um sofrimento que ele não suportava mais. Para outras, trata-se de uma covardia, uma vez que, na visão cristã, a vida pertence a Deus e deve ser vivida até o último instante. No Brasil, a eutanásia é proibida, reforçando a noção de que o curso natural da vida não deve ser interrompido. Contudo, Cicero escolheu interromper a própria trajetória, deixando uma reflexão sobre o valor e o sentido da vida diante da perda da autonomia e dignidade pessoal.

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Fonte:https://clicrdc.com.br/irio-grolli/quinta-da-opiniao-eutanasia/
ImprimirReportar erroTags:vida, cicero, sua, própria, eutanásia, decisão e perda391 palavras3 min. para ler

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